Olá,
Na nossa #9 newsletter da Walter’s Fintechs você encontrará sobre:
Fortalecimento das instituições;
Mudanças regulatórias;
Iniciativas do BC;
E, claro, as principais notícias da semana que passou.
Boa leitura!
A tecnicidade em nossas políticas sociais e econômicas e a criação dos institutos de pesquisas no Brasil, cruzam-se com a história que hoje estamos construindo no setor financeiro: instituições reguladoras, como o BACEN e SUSEP, incentivando e intermediando uma grande transformação no Sistema Financeiro Nacional.
No ano de 1961, o economista Douglas North fez sua primeira visita ao Brasil. Conhecido por defender o fortalecimento das instituições, North, à época, ainda não tinha esse pensamento, que inclusive o fizera ganhar em 1993 o prêmio Nobel em economia. Quando chegou ao Brasil, sua principal defesa era a educação. Para ele, o Brasil não deveria, naquele momento, apostar na industrialização e sim deveria focar em aumentar o mercado consumidor e a produtividade dos seus conterrâneos. Há um artigo bem conhecido na área de economia que destaca isso [disponível clicando aqui], onde ele e Celso Furtado discutem qual é o melhor caminho a ser seguido. Celso Furtado, que à época tinha criado a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) e posteriormente foi nomeado a ministro do planejamento, optou por outro caminho — o resultado já conhecemos. Douglas North foi um ator essencial no estudo de economia e análise dos dados no Brasil. Durante sua visita, North visitou a FGV e alguns outros institutos de economia presentes no país — eram pouquíssimos, quando comparado com hoje. North trouxe sua expertise e transmitiu parte de seus conhecimentos para os estudantes e professores ali presentes no encontro.
Aquele momento, não sozinho obviamente, marcou a nova fase de condução de politicas públicas no Brasil. O institucionalismo é uma das áreas do estudo de economia e ciência sociais que eu mais gosto. Acemoglu e Robinson fizeram um excelente trabalho analisando o “Por que as nações fracassam?”, o que resultou na publicação do livro com o mesmo titulo. Há diversas explicações para o motivo dos Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, entre outros países, serem hoje países ricos. Particularmente, acredito que essa seja a análise que mais faça sentido e reforça a independência que esses países promoveram em suas instituições, públicas e privadas.
Fortalecimento das instituições
Quando a República se iniciou, em 1889, o Brasil passava por um período conturbado de transição. Marcado por crises econômicas, pouca participação popular e insatisfação por parte da maioria da população, especialmente os mais pobres, o período teve como símbolo a Crise do Encilhamento. A primeira grande crise financeira do país foi composta de propostas mirabolantes, onde se originaram as crises no câmbio, nos bancos e nas finanças públicas.
Naquela época, já se falava na criação de um Banco Central, mas foi só em dezembro de 1964, 75 anos depois, que o Brasil começou a seguir uma tendência mundial, criando uma autarquia federal integrante do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O Banco Central do Brasil, buscou-se comportar-se como uma instituição de mecanismos voltados para o desempenho do papel de “banco dos bancos”. Em 1985, quando foi promovido o reordenamento financeiro governamental com a separação das contas e das funções do Banco Central, Banco do Brasil e Tesouro Nacional, o processo se estendeu até 1988, quando as funções de autoridade monetária foram transferidas do Banco do Brasil para o Banco Central. Naquele momento, após a Constituição Federal de 88, a configuração que hoje conhecemos começou a ser exercida. Diferente dos primórdios da República, hoje a economia brasileira é mais organizada e desenvolvida, assim como o Banco Central do Brasil exerce um papel fundamental na função de inovar, incluir e contribuir para o desenvolvimento do SFN.
O nosso Sistema Financeiro está entre um dos mais modernos do mundo. Em 2001, quando o Banco Central criou um dos mais avançados sistemas de pagamento interbancário para a época, o TED e o DOC, ficou claro que a partir daquele momento uma grande transformação financeira, bancária e creditícia se iniciaria no Brasil.
Após um longo período onde a tecnicidade ficou distante das tomadas de decisões nas políticas econômicas — a exemplo, durante a década de 1970 e 1980, quando o Conselho Monetária Nacional (CMN) tinha como membros nomes como Abílio Diniz, Jorge Gerdau Johannpeter, entre outros empresários —, a Agenda do BC passou a se integrar, ainda mais, com as necessidades da população brasileira.
Mudanças regulatórias
Em conjunto com essa perceptível mudança na tecnicidade de seus membros, veio a inovação financeira. Mesmo com a criação do TED, em 2001, foi só na segunda década deste século que a inovação financeira chegou de fato. Com os surgimentos das fintechs, como Stone, em 2012, Nubank, em 2013, Neon, em 2016, entre outras que surgiriam ou mudariam seus modelos para o de fintech, havia demandas claras para uma mudança regulatória.
Em 2018, o CMN aprovaria a resolução 4556/18, que permitiria que empresas de tecnologia do setor financeiro concedessem crédito sem a necessidade da intermediação de um banco. A mudança regulatória seria apenas o começo de uma grande transformação financeiro que o Brasil vive até os dias de hoje.
Iniciativas do BC
As recentes iniciativas do Banco Central do Brasil, entram em consonância com o fortalecimento institucional que o Brasil fez no inicio do deste século e faz até os dias atuais. Da autonomia do Banco Central, sancionada neste ano, ao Open Finance, essa nova fase do Sistema Financeiro Nacional desperta curiosidade, em especial em relação a participação e ao legado que Campos Neto e sua equipe estão deixando para o Brasil desde a posse, em 2019. O Open Finance, PIX, Sandbox regulatório e o futuro Real digital são algumas das vitrines desse patrimônio que será herdado pela próxima gestão, em janeiro de 2025.
O termo “regulador” quase sempre foi um termo pejorativo na rotina do brasileiro. Diversas foram as vezes que esses não nos protegiam dos "gigantes", mas sim protegiam os "gigantes" de nós. As últimas ações do BACEN, principalmente o Open Finance, contestam essa ideia e colocam a autarquia financeira do país como provedora de inovação na forma como o brasileiro se relaciona com suas finanças.
No dicionário, a palavra “regulador” é definida como "peça que se adapta a uma máquina para uniformizar o movimento.", atualmente, é desta forma que o BACEN tem atuado; de inibidor da inovação, o Banco Central do Brasil se transformou em uma instituição adaptável aos movimentos e transformações do setor. Será interessante ver o impacto dessas ações nos próximos anos.
Vamos para as
Principais notícias da semana
Queda de 73% no número de desbancarizados durante pandemia evidencia disputa por fintechs
De acordo com estudo realizado pela Americas Market Intelligence, em parceria com a Mastercard, a queda de desbancarizados no Brasil foi de 73% durante a pandemia, o que intensifica a disputa entre fintechs por novos consumidores.
Segundo Vanessa Medeiros, head de produtos da BizCapital, fintech que oferece soluções financeiras para pequenas e médias empresas, o número é o reflexo da necessidade por soluções digitais durante o isolamento social.
"Isso fez com que a competitividade do setor financeiro só aumentasse. Acredito que a chave para essa disputa está na tecnologia e na exigência por processos cada vez mais ágeis. Não é à toa que grandes instituições têm investido nas fintechs para fazer parte do movimento de inovação, buscando relações com parcerias e aportes", explica Medeiros.
Nubank lança cartão Ultravioleta com cashback de 1%; veja novidades
O Nubank anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento do cartão premium Ultravioleta, feito de metal e com benefícios exclusivos. O novo produto do banco digital brasileiro possui as vantagens do cartão Mastercard Black, como seguros de viagem, acesso a sala VIP em aeroportos, compra protegida e garantia estendida, e também garante 1% de cashback que cresce automaticamente 200% do CDI.
Segundo o Nubank, o novo produto possui um núcleo de metal que é três vezes mais forte e pesado que os cartões de plástico. O design do novo cartão também se destaca por não conter nenhum tipo de numeração, apenas o nome do cliente e o logo da empresa.
Cenário Global
Two-Thirds of Bank Bosses Think Branches Will Be “Dead” Within 5 Years
65% of global banking executives believe branch-based banking will be extinct by 2026, as the pandemic and competition from and collaboration with fintech companies push financial institutions to go digital.
Kanika Hope, Chief Strategy Officer, Temenos, said: “Open Banking and increased competition from big tech and new entrants are causing banks to rethink their business models. Many now aspire to develop digital ecosystems that bring more human, differentiated experiences to their customers using the power of cloud, SaaS and AI.
A pilot project currently running is exploring the use of shared banking hubs where staff from each major high street visit once weekly to help customers handle these more complex tasks.
Biden executive orders target bank mergers, financial data sharing
President Joe Biden is expected to sign a slew of executive orders Friday aimed at promoting U.S. competition and cracking down on anticompetitive practices, according to a statement released by the White House. Among those orders are two measures that would provide more scrutiny of bank mergers and give consumers greater control over their financial data.
The Biden administration’s plan to encourage financial data sharing in the banking industry is welcome news to fintechs and proponents of open banking.
The debate over who owns customers’ financial data has pitted some fintech startups against some of the largest financial institutions in the past year, as data aggregators’ screen-scraping practices have been blocked by some banks citing privacy concerns.
Recomendação de leitura
Qual o poder dos dados? Muitos e há também vários interessados em monetizá-los. No report publicado pela Celent, foi abordado como os bancos, fintechs e empresas de pagamentos estão monetizando os seus dados; há muitos benefícios nessa prática, mas os principais objetivos dessas empresas são:
1. melhorar as operações internas;
2. aprimorar os serviços existentes de atendimento corporativo;
3. dar suporte a novas propostas e modelos de negócios.
Em última análise, o objetivo é mais do que angariar receitas, mas sim se tornar verdadeiros parceiros de seus clientes. Essa nova fase do setor financeiro tem propósitos claros, o maior deles: agregar valor.
Boa semana e abraços,